Cavaco Silva segura um calca-mar bebé na ilhota Selvagem Pequena Foto: Lusa/Miguel A Lopes |
Cavaco, ou chamará outro dirigente do PSD a formar governo, depois da demissão de Passos, ou marcará eleições gerais antecipadas para setembro.
Aquele calca-mar perplexo nas mãos do presidente da república fez-me lembrar António José Seguro. A perda de credibilidade da moribunda coligação é tal que, ou muito me engano, ou Cavaco Silva já decidiu preparar o PS do perplexo Seguro para assumir as artes da governação mais cedo do que este quer e teme. Mas entalado como está, entre Passos e Soares, é bem possível que não lhe reste melhor alternativa do que entregar-se aos cuidados de um presidente farto de aturar os indescritíveis líderes do PSD e do CDS/PP.
O PS de Seguro pode perfeitamente negociar um acordo de salvação nacional com os partidos com quem sempre partilhou as decisões constitucionais e estratégicas ao longo das últimas quatro décadas. Um tal acordo não implica nenhuma capitulação face à governação desastrosa em curso. E beneficia da garantia de que o governo em funções será apeado pelo PR antes de terminar o mandato.
Escusa Mário Soares de vir agora com hipócrita verborreia esquerdista, mesmo assim temperada com o papão de uma cisão no PS vir favorecer o PCP — disse o próprio em aparente contradição com o seu recente e quase histérico frente populismo retardado.
Um 'compromisso' histórico, ou de salvação nacional, balizado por metas claras, de médio e longo prazo, embora sem especificar a geometria e o calendário das medidas, é possível, lógico e necessário.
No entanto, as afirmações hoje proferidas por Passos Coelho, na Assembleia da República e no conselho nacional do PSD, a primeira desafiando Cavaco a aceitar a ignorada remodelação proposta por Portas, a segunda, reiterando que não aceita compromissos que não se traduzam na subserviência pura e simples do PS diante do moribundo governo que temos, e a terceira, que recusa aceitar a humilhação do fim antecipado desta legislatura decretado pelo presidente da república, dão claramente a entender que NÃO HAVERÁ COMPROMISSO!
Pois bem, neste caso, resta ao PR três hipóteses:
- capitular perante o Jota laranja, o que não é nada verosímil da parte de quem já ganhou quatro maiorias;
- manter o governo em funções, recusando porém qualquer remodelação que signifique entregar o governo a Paulo Portas, e no caso de Passos se demitir, chamar outro líder laranja para formar governo;
- ou dissolver o parlamento e convocar eleições antecipadas, entregando a António José Seguro a tarefa de chefiar o próximo governo, o qual retomaria então os trabalhos agora iniciados em volta do 'compromisso de salvação nacional', proposto por Cavaco Silva, e que seria então negociado com um PSD já sem Pedro Passo Coelho, e com um CDS/PP já sem Paulo Portas.
Veremos quem se sai melhor desta Poker infernal.
ÚLTIMA HORA!
Compromisso histórico morreu!
António Cerveira Pinto
Última atualização: 19/7/2013, 20:23
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