quinta-feira, 4 de julho de 2013

Bond, Portuguese Bond!

Propaganda às Obrigações soberanas japonesas

Vai ser necessária muita imaginação

O segundo resgate vem aí. E mais austeridade também. Como o acesso aos mercados é sonho adiado, vai ser necessário vender os famosos títulos de dívida pública portuguesa aos... portugueses! 

A dúvida é óbvia: haverá interessados? 

É bem possível que sim, sobretudo se não houver alternativas para a aplicação das poupanças, ou se as que houver forem ainda piores e mais arriscadas. Os paraísos fiscais estão cada vez menos convidativos, a união bancária e fiscal europeia está a caminhar apesar de não parecer e ainda que nesta fase caminhe sobretudo através de leis nacionais. Em Espanha, por exemplo, já é obrigatório declarar os ativos que os residentes detenham fora do país, para efeitos estatísticos — dizem as autoridades do país vizinho.

A deterioração da situação financeira portuguesa, cortesia da nomenclatura extrativa, rendeira, corporativa, burocrática e partidocrática, e ainda da Fronda Soarista e das partes gagas de Paulo Portas, vai deixar os cofres públicos à míngua. 

A consequência desta degradação serão novos aumentos de impostos (IVA a 25% é perfeitamente expectável), mais cortes nos rendimentos do trabalho, encerramento de algumas centenas de departamentos da administração pública, e ainda uma pressão enorme para canalizar parte da poupança privada para a compra de dívida pública. Não custa nada temer estes cenários.

O ideal seria que a situação fosse bem explicada, e que as medidas fossem ponderadas de forma a haver uma evidente justiça na distribuição dos sacrifícios. O ideal mesmo seria diminuir drasticamente os graus de liberdade dos beneficiários sistémicos deste sistema falido. Veremos o que a nossa indigente classe política nos reserva nas próximas semanas e meses.

Seja como for, fazemos uma previsão: o estado vai ter que encontrar maneira de vender dívida soberana aos contribuintes. E nós teremos que estar informados e preparados para exigir muitíssima clareza e proteção, nomeadamente do Banco de Portugal e do BCE,  nas operações que vierem a ser desenhadas e desencadeadas.

António Cerveira Pinto


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