Bradley Manning escoltado à saída do tribunal de Fort Meade (AP Photo/Patrick Seansky@Salon) |
Escândalo Wikileaks. Manning: 35 anos de cadeia!
Reunir e passar informações classificadas de um governo para outro (sobretudo se forem inimigos) é espionagem e corre todos os riscos conhecidos, da prisão, à pena de morte, até ao assassínio puro e simples.
Mas reunir informações classificadas e difundi-las publicamente por considerações de ordem ética, ou por dever de informação, é um direito inalienável em democracia. Condenar alguém por isto é fazer pouco da democracia.
Se os serviços de inteligência e governamentais de um dado governo são incompetentes até ao ponto de permitirem fugas astronómicas de informação como aquela que o Wikileaks disseminou, quem deve ser responsabilizado são os responsáveis pela falha de segurança, e não o mensageiro que age em nome da transparência dos atos governativos.
O mais extraordinário de todo este caso, e da fuga de documentos sobre espionagem americana de países amigos, organizada e disseminada mais recentemente por Edward Snowden, é que a documentação tornada pública (e não vendida no mercado negro da espionagem) prova à exaustão que foi e é o governo americano que procede a colheitas ilegais de informação, não só junto dos inimigos, mas também infiltrando e roubando informação confidencial aos governos amigos e às empresas de países amigos!
Quem deveria, portanto, estar no banco dos réus era o presidente americano e as suas indecorosas agências de informação.
O soldado americano de 25 anos foi condenado a 35 anos de cadeia (Reuters). Os serviços secretos americanos e israelitas não descansarão enquanto não deitarem a mão a Snowden. Até lá continuarão a empurrar a democracia americana para uma nova forma de fascismo (Orwell sabia do que escrevia) e a espiar governos e empresas de todo o mundo impunemente, até um dia. Como se não bastasse, os psicopatas autorizados da defesa do estado americano ainda têm tempo para montar guerras assimétricas (Low Intensity Operations) em todo o planeta sob o pretexto de combater o terrorismo que eles próprios fomentam nas catacumbas militares dos S.O..
António Cerveira Pinto
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