Assunção Esteves, Presidente da Assembliea da República Foto: Enric Vives-Rubio, Público. |
Nos meios políticos em que as soluções se constroem, o nome de Assunção Esteves tem sido ventilado regularmente como uma possibilidade para preencher uma candidatura à direita, para desfazer um novelo envolvendo nomes como Durão Barroso, Marcelo Rebelo de Sousa, Marques Mendes e Santana Lopes, para citar apenas os mais sonantes. E diga-se que a actual presidente da Assembleia tem sabido amealhar um capital de simpatia em todos os quadrantes que lhe abrirá eventualmente um papel determinante na corrida a Belém, até porque não era despiciendo admitir que viesse a receber um apoio simpático do eleitorado feminino e de sectores moderados.
Eduardo Oliveira Silva. i online, 29/6/2013.
Esta possibilidade é certamente melhor do que a do titubeante António Costa, do que a do mitómano José Sócrates, ou do que a do Barroso que abandonou o posto por um prato de lentilhas. Os candidatos pró-forma do PCP e do Bloco não fazem sequer parte desta conversa, nem do campo das possibilidades. Mesmo Paulo Portas, apesar de brilhante, seria sempre um candidato imprestável, dada a sua natureza intrinsecamente maquiavélica.
Precisamos de renovar a democracia, de a limpar de alto a baixo da porcaria que minou o regime e conduziu o país à falência. Mas esta necessidade imperiosa não é ainda caso para conspirar por uma revolução.
A par da emenda drástica e obrigatória do sistema partidário que temos, também será preciso dar e ajudar a dar pequenos passos na direção certa.
Assunção Esteves, apesar do pecado da sua escandalosa pensão de reforma, que não é só um pecado dela, mas de todos os juízes do Tribunal Constitucional e de outras sinecuras da corrompida democracia que deixámos medrar como uma hidra, é uma hipótese a considerar, observar e seguir com atenção.
Quanto às reformas impagáveis pelo insolvente estado social que criámos e deixámos inchar e corromper até à exaustão, mudanças drásticas terão que ser discutidas e assumidas, por todos e com justiça. Pela via fiscal, que é o pior caminho, até agora seguido pelo talibã Gaspar, ou pela via da imposição universal de limites máximos às pensões de reforma pagas pelo Estado, que é a solução mais razoável e justa, aplicada aliás em países tão ricos como a Suíça e a Suécia.
Por fim, se António José Seguro continuar a envolver a maioria parlamentar numa agenda de mitigação partilhada das asneiras do governo, se limpar o PS da canga devorista que não se cala, e se, por fim, souber rodear-se de bons conselheiros e desenhar uma agenda política realista, a probabilidade de ganhar as próximas legislativas será enorme, e o terreno preventivo de um governo de emergência nacional (no caso, provável, de precisarmos de renegociar a insuportável dívida pública que temos) estará então alinhavado.
Num cenário destes, que parece agora mais provável do que quando Mário Soares continuava a dar ordens ao PS, ao país e ao mundo, e ainda havia quem o lesse e ouvisse, colocar os ovos da próxima eleição presidencial na jovial Assunção Esteves (que um dia destes terá que confessar o seu pecadilho e prometer corrigi-lo) terá todas as condições para ser a futura e primeira presidente da república portuguesa. Os machos não deram boa conta do recado!
António Cerveira Pinto
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