quarta-feira, 24 de maio de 2023

AI systems need Democracy Maps


Governance of superintelligence

Now is a good time to start thinking about the governance of superintelligence—future AI systems dramatically more capable than even AGI.

May 22, 2023

Authors

Sam Altman

Greg Brockman

Ilya Sutskever


Responsible AI, Safety & Alignment


...We believe people around the world should democratically decide on the bounds and defaults for AI systems. We don't yet know how to design such a mechanism, but we plan to experiment with its development. We continue to think that, within these wide bounds, individual users should have a lot of control over how the AI they use behaves.


https://openai.com/blog/governance-of-superintelligence#GregBrockman

quinta-feira, 20 de abril de 2023

Mapas de democracia (um novo paradigma)

Em 22 de março de 2012 criei o Partido Democrata (ler este post). Depois de uma longa hibernação de onze anos ressuscitei-o ontem, depois de me aperceber da revolução das chamadas AIs (inteligências artificiais) e do AGI (artificial general intelligence), bem como da mudança que irá varrer em breve as sociedades humanas que hoje conhecemos.

Em 1998 imaginei o que seria sete anos depois o Google Maps. Esta imaginação deu lugar ao projeto chamado Portugal Digital apresentado no Pavilhão do Território da EXPO '98. Infelizmente as equipas que desenvolveram e programaram a minha intuição venderam a alma a uns diabinhos locais da especulação tecnológica em vez de continuarem a trabalhar comigo. Uma tal arrogância impediu que o algoritmo do Google Maps pudesse ter sido desenvolvido antes de 2006 e no nosso país. Teria sido a maior contribuição da EXPO '98 para mitigar o nosso atraso entre as nações desenvolvidas. Mais tarde, em 2005/2006, imaginei a criação de um Parque Museu-Virtual em Montemor-o-Novo. O município viria a acolher favoravelmente a minha proposta, atribuindo-lhe mesmo a Herdade da Adua como sítio para a sua futura implantação. E imaginei ainda outra coisa em 2012: Democracy Maps. A ideia, desta vez, foi a de poder usar bases de dados geograficamente referenciadas para construir a partir do seu potencial dinâmico a matriz fundacional de uma espécie de democracia global não imposta na ponta de qualquer baioneta. Existem alguns diagramas que merecem agora uma revisão, nomeadamente à luz do aparecimento dos blockchains, do OpenAI (chatGPT, DALL.E, etc.)

O que é que isto tem que ver com arte? Diria que, lendo autores como Claude Lévi-Strauss, André Leroi-Gourhan, Jean-François Lyotard, John Dewey, Alfred Gell, ou o fundamental Immanuel Kant e mantendo presente o impacto que artistas como Kasimir Malévitch, Mondrian, Marcel Duchamp ou John Cage continuam a ter na continuidade das artes, tudo!

quarta-feira, 19 de abril de 2023

Mapas de democracia. Do outro lado do pessimismo

A era dos hiperobjetos

A política vai quase sempre atrás dos factos económicos, demográficos e energéticos, para ser mais preciso. 

Na realidade, a política é o resultado de uma luta de classes um pouco diferente da descrita por Karl Marx, na medida em que se desenvolve como um polígono de vontades e tensões com vários lados e vértices, fruto dos interesses individuais e de grupo, em que alguns vértices são mais pronunciados que outros. 

Estes são, em minha opinião, alguns dos vértices: 

1) energia 

2) procura e oferta de bens e serviços (preços e rendimentos)  

3) produtividade e distribuição da riqueza 

4) pirâmide social

5) atores sociais (poderes, movimentos de massa e eleições) 

6) demografia (pirâmide demográfica) 

7) custos histórico-sociais e culturais (dimensão do Estado e do setor público de bens e serviços). 

A política, nesta topografia, é, sim, o resultado da luta de classes (da agonística dos grupos de interesses, para ser mais preciso), e não uma força criativa propriamente dita, salvo quando os golpes de estado e as revoluções se revelam como destruição criativa. 

Por exemplo, os dirigentes e burocratas de Pequim só começaram a pensar em reduzir as emissões de CO2 quando se deram conta de que estavam a morrer asfixiados no excesso de emissões das suas fábricas alimentadas a carvão. E só começaram a reprimir os 'wet markets' quando sucessivas epidemias afetaram gravemente a saúde pública de centenas de milhões de chineses e a credibilidade da China (que nunca foi muita) no mundo. E também, só agora começam a perceber que atingiram o pico do seu crescimento, sobre uma bolha imobiliária especulativa sem precedentes no planeta. Não têm energia sequer para manter o atual estado de prosperidade relativa (veja-se o que está a acontecer com a falta de gás para aquecer as pessoas neste inverno). Dependem criticamente da globalização económica e financeira. Os políticos, mesmo em ditadura, arrastam-se atrás dos acontecimentos. 

Dito isto, longe de mim, ser contra a Política. O que digo e reafirmo é que a gestão política tradicional entrou em decadência acelerada. Precisamos, de facto, de saber aproveitar as novas tecnologias cognitivas para a gestão democrática e livre da complexidade crescente da espécie humana (e das suas possibilidades de sobrevivência). Isto porque, convém sublinhar, a expansão económica e demográfica dos últimos 200 anos é uma consequência direta do desenvolvimento tecnológico alimentado por energias revolucionárias, abundantes e baratas (pelo menos até 1973). Por sua vez, este crescimento e desenvolvimento só foram possíveis em resultado de um lento processo de libertação dos povos europeus das cangas religiosas e feudais. O Renascimento, nascido na Europa, ainda tem algumas oportunidades para evoluir, nomeadamente se souber aproveitar a Inteligência Artificial e as novas redes sociais, bem como o desenvolvimento dos novos materiais, da biogenética, da fusão nuclear e da computação quântica. Estas são algumas das novas extensões da suposta micro-era geológica a que recentemente deram o cognome de Antropoceno. Há, para citar a original reflexão teórica de Timothy Morton, novos hiperobjetos no horizonte. Hiperobjetos positivos!

A crise energética poderá ser ultrapassada à medida que o ajustamento demográfico global, em curso 'natural' desde 1964, for atingido, isto é, quando a população mundial começar a decrescer lentamente até patamares de sustentabilidade demonstráveis. Será por volta de 2060, ou de 2100? Não sabemos. Seja como for, a aproximação da sustentabilidade demográfica antropológica é mais rápida do que a deterioração climática e ambiental. Este é o ponto que, em suma, justifica o meu otimismo.


Post scriptum — este post foi suscitado por um diálogo com o meu amigo José Lacerda Fonseca. Este diálogo prossegue num grupo restrito onde é possível experimentar argumentos e desabafar sem que o céu e o inferno nos caiam em cima. Deixo aqui um pequeno excerto.

José Lacerda Fonseca — Concordo com o teu otimismo tecnológico. Só q sem uma nova filosofia social pouco valerá pois a tecnologia reverterá para os interesses da elite concentracionaria mundial num cenário de progressiva angústia, instabilidade e violência.  As grandes concentrações de poder sempre estragaram tudo até porq acabam por ser propriedade de loucos degenerados pelo seu proprio poder.

OAM — Sim, alguém terá que pensar essa nova filosofia, mas também esta será mais fruta do tempo, do que da mera vontade espontânea da razão. Nós estamos de acordo que esta filosofia terá que passar por uma redefinição dos mecanismos que possibilitam e garantem a estabilidade da democracia e da liberdade (condicionada pela razão democrática). Talvez na direção de uma espécie de democracia deliberativa humana assistida por máquinas inteligentes (cognitivas, mas também sensíveis!) À falta de melhor conceito, chamo-lhe mapas de democracia. Um arquipélago fractal onde todos os organismos humanos praticam a democracia deliberativa racional...

JLF — Concordo em absoluto. Todavia creio q o elan para desenvolver mapas da democracia ou democracia viva como agora lhe chamo, justamente para acentuar a sua complexidade e evolução orgânica, precisa de novas ideias sobre ética, cultura, economia e sexualidade.

OAM — Concordo.


—in O António Maria, Janeiro 26, 2023

A propósito de hiperobjectos, ler Timothy Morton, por exemplo, aqui.

Um partido teórico

 

Há partidos no poder. Há partidos na oposição. Há partidos constituídos que não elegem ninguém. E pode haver também partidos teóricos, que são basicamente agregados de ideias que podem ou não dar lugar a movimentos e grupos de pressão, que podem ou não dar lugar a partidos convencionais, ou outras formas, eventualmente originais, de produzir política.

Esta reflexão permite transformar este blog num partido teórico.

sábado, 29 de janeiro de 2022

Há uma década...

Tim Tim nunca saiu da Belgica, mas percebeu o português aventureiro ;)

Será desta vez?

Em 2012 apontei neste blogue os termos de uma conversa sobre a necessidade de mudar o regime. Foi, por assim, dizer, um bloco de notas que acompanhou uma série de almoços com amigos descontentes com o rumo do país.

A necessidade de enterrar o regime gasto e corrompido saído da Constituinte de 1976 era então evidente. Que fazer? Gerar as condições instelectuais e psicológicas para a emergência de novos partidos democráticos com mensagens novas e claramente indispostos para continuar a suportar os partidos parlamentares nascidos do colapso da ditadura. Desde então, estes não só não cumpriram muito do que Abril prometeu, como empurraram lentamente o país para uma democracia cada vez mais empobrecida, desigual, centrada no Estado e nos diretórios partidários, burocrática, corrupta e populista. Esta deriva autoritária foi e é ainda uma consequência da alienação patrimonial, da perda de soberania económica e financeira subsequente, do endividamento galopante do Estado e, finalmente, do colapso do nosso sistema financeiro, incapaz de acompanhar a concorrência decorrente da criação de uma moeda europeia a que aderimos sem pensar mais no assunto.

Amanhã, dia 30 de janeiro, iremos uma vez mais a votos. Mas desta vez será diferente. A importância desta eleição reside não tanto no vencedor das mesmas, precipitadas pela falência económica, financeira, política e moral da frente popular conhecida por Geringonça, mas na emergência de novas forças partidárias no parlamento como potencial de alterar a curto prazo a face da nossa democracia.

Ao contrário da histeria das esquerdas, o que aí vem não é radicalismo de direita, e muito menos fascismo. Em primeiro lugar, porque o povo conservador e iletrado que temos não gosta de revoluções, salvo se estiver com a corda na garganta. Ainda não está. Em segundo, porque tanto a Iniciativa Liberal, como o Chega, aspiram a ser governo, ou seja, querem conquistar o tal povo moderado que apenas espera, e bem, que alguém lhe resolva os problemas e o atraso que volta a aumentar. Querem salários e pensões de reforma que sejam dignas. Querem trabalho com direitos, como no resto da Europa rica e civilizada. Querem uma classe média que agite económica e culturalmente a sociedade, ajudando-a a crescer de modo simultaneamente competitivo e solidário. Não querem emigrar em massa, como nos tempos da ditadura e da guerra colonial. Não querem ser humilhados diariamente com escândalos de enriquecimento ilícito e corrupção. Não querem uma justiça, uma educação e uma saúde para ricos, e outras para pobres. Querem (coisa simples de perceber) uma democracia liberal como as que na Europa e na América continuam a atrair milhões de imigrantes fugidos de regimes nepotistas ou despóticos.

Em suma, ganhe Rio ou ganhe Costa (um perdedor traiçoeiro), quem já ganhou é a democracia que começa a sair de uma escravatura partidária de quase meio século!

PS: sobre as ideias utópicas que alimentaram a retórica das esquerdas (onde, aliás, me fiz intelectualmente) limito-me a constatar as minhas próprias dúvidas e perplexidade sobre esta espécie de implosão ideológica, e ainda um facto: o desvanecimento das ideias tradicionais da esquerda entre as gerações mais jovens, traduzido na ausência ou inconsistência pueril dos neo-marxismos que andam por aí.

domingo, 19 de fevereiro de 2017

Partido Liberal ou Partido Liberal Democrático?


Será desta? O tempo urge...


É uma associação, mas ainda não é um partido. Tem membros, mas ainda não tem militantes. Tem uma visão de sociedade, mas ainda não tem um manifesto final. Um grupo de liberais — sem medo de serem acusados de “papões neoliberais” — criaram em setembro a Associação Iniciativa Liberal. O objetivo final é criar um partido liberal em Portugal, ao estilo do Ciudadanos (Espanha) ou dos Lib Dems (Reino Unido). Já começou a recolha de assinaturas para a constituição de um partido que, no espectro político, estará situado ao centro (entre o PSD e PS). 
—in “Vêm aí os liberais. Não são papões e querem criar um partido”
Observador, 14/1/2017, 9:18

O cesarismo bicéfalo saído do impasse das últimas eleições legislativas, que deu origem a um governo minoritário dependente do poder legislativo, ferindo gravemente o equilíbrio dos poderes constitucionais, esgotou-se mais cedo do que eu previa. Nem o primeiro ministro, nem o presidente da república estão à altura das cicunstâncias. Em breve colapsará.

O pântano partidário onde Portugal está mergulhado só mudará se houver um novo partido parlamentar em cena, com ideias novas, princípios firmes e coragem. O oportunismo de curto prazo e a falta de ética e transparência tornaram-se o principal guia comportamental da partidocracia instalada. Nem o PCP, nem o Bloco, escapam a esta teia de corrupção.

A omnipresença propagandística dos partidos nos meios de comunicação social tornou-se asfixiante.

Os resultados para o regime, ao fim de quase quarenta anos de democracia populista e clientelar, são sobejamente conhecidos:

  • a perda para o exterior de 70% do nosso sistema bancário e financeiro e a submissão do único banco público existente a um apertado controlo por parte das instituições credoras; 
  • a alienação das principais empresas estratégicas portuguesas, da energia às telecomunicações, dos aeroportos aos portos, e até de algumas concessões hospitalares e rodoviárias, aos chineses, espanhóis, angolanos e franceses. No caso da Vinci, participada pelos árabes do Qatar, o grande patrono dos Clinton e do Estado Islâmico! 
  • vinte anos a crescer menos de 0,5% ao ano, com uma dívida acima dos 130%, e uma emigração como não se via desde os anos 60 do século passado, então sobretudo causada por uma guerra colonial travada em três frentes;
  • uma população envelhecida e com as poupanças exauridas pela especulação, pelo engano político, por um estado burocrático e partidário insustentável, e pelo fascismo fiscal;
  • em suma, um país falido que só não cairá numa nova ditadura, de direita ou de esquerda, enquanto estiver protegida pela União Europeia e pelo Banco Central Europeu.


O pensamento liberal, na aceção de um pensamento político estruturado e claro, existe, mas falta-lhe voz pública e organização. Quanto mais se atrasar, mais difícil será sairmos do estado exangue em que a nossa democracia se encontra.


REFERÊNCIA

Manifesto Liberal

domingo, 8 de fevereiro de 2015

Convergência de Ideias e de Gerações

Albert Rivera, Presidente do Ciudadanos

A velha ordem começa a ruir


Aqueles que levaram Espanha para o buraco não sabem, não querem, e não podem tirá-la desse mesmo buraco. Pelo contrário, tenderão a cavar um buraco cada vez maior, despedaçando aquela que é a quarta economia europeia. 

Em Portugal passa-se exatamente o mesmo. 

Precisamos, pois, como de pão para a boca, de uma alternativa à nomenclatura e aos partidos que atiraram o país ao lixo. Espero que os eleitores entendam rapidamente esta realidade, e que os muitos núcleos de cidadãos e partidos embrionários que pelo país fora discutem e procuram uma saída para a grave crise em que estamos, se unam numa grande Convergência de Ideias e de Gerações capaz de substituir o poder corrupto, ou demasiado incompetente, que nos trouxe até ao desastre.

Em Espanha, até agora, as atenções estiveram sobretudo voltadas para o fenómeno de massas que tem sido o Podemos. Apesar das tentativas de desvalorizar o fenómeno nascido dos Indignados da Puerta del Sol, em Madrid, a verdade é que num estudo de opinião publicado no dia seis deste mês pelo El País, o partido liderado por Pablo Iglesias continua a liderar as intenções de votos, com apreciável vantagem sobre o PP e o PSOE.

Mas o mais interessante desta tomada de pulso à sensibilidade política dos espanhóis é a descoberta da fulgurante subida de notoriedade de um outro partido, nascido na Catalunha em 2006, situado algures na banda do centro-esquerda. Chama-se Ciudadanos-Partido de la Ciudadanía e aparece já como quarta força eleitoral do país, bem à frente, por exemplo, dos partidos nacionalistas catalães.


ENCUESTA DE METROSCOPIA
Clima político y social en España
El País Madrid 6 FEB 2015 - 22:30 CET

O Ciudadanos, que já conta com nove deputados no parlamento catalão, e dois no parlamento europeu, faz parte da Aliança dos Liberais e Democratas pela Europa (ALDE), e tem, curiosamente uma postura radicalmente anti-nacionalista, pró-autonómica e fortemente pró-europeia. Tal como o Podemos, é um partido jovem, protagonizado por líderes jovens, claramente distante do sistema político-burocrático de que a larga maioria dos espanhóis estão fartos. Talvez por isto mesmo serão as estrelas e a esperança das próximas eleições gerais espanholas, que terão lugar em dezembro deste ano.

Portugal, ao contrário da Espanha, tem um problema de renovação geracional da sua democracia. É o preço de termos tido durante tantos anos a extrema-esquerda e um falso partido verde no parlamento. 

Quase tudo o que vemos mexer na cena política portuguesa são, de uma forma ou doutra, tertúlias de reformados insatisfeitos. Quando é que a malta nova, com qualificações e vontade de renovar este país, acorda? É tempo de acabar com endogamia, com o nepotismo e com o oportunismo!

Precisamos dum Convergência de Ideias e de Gerações para desviar Portugal do desastre monumental para o qual a nomenclatura tem conduzido o país.